Abreu levanta suspeita de arbitragens manipuladas: "O Madureira é imexível"

À Difusora, presidente alega que Alvinegro seria prejudicado propositalmente

Autor: Redação FutRio / Fotos: Gabriel Andrezo (FutRio) e Léo Borges (ADC)

O presidente do Americano, Carlos Abreu, soltou o verbo. À Rádio Difusora, em entrevista que foi ao ar nesta segunda-feira (18), dia seguinte à derrota por 1 a 0 para o Boavista, o mandatário alvinegro levantou suspeita de manipulação de resultados no Campeonato Carioca, citando nominalmente Luis Antônio Silva Santos e Lenílton Rodrigues Gomes Júnior como árbitros que teriam prejudicado o clube e apontando o Madureira, principal concorrente na disputa contra a Seletiva, como beneficiado. Nas palavras do dirigente, o Tricolor Suburbano seria "imexível" na FERJ (Federação de Futebol do Rio de Janeiro) e "não poderia cair".

 

Entre as declarações mais fortes, Abreu disse que "o futebol do Rio de Janeiro não é para gente séria" e que o campeonato estaria em cheque. O estopim teria sido justamente o jogo contra o Boavista, onde o presidente afirma que ouviu da equipe de arbitragem que "não tem jeito" e que o Americano não poderia ganhar. O presidente também diz ter conversado com jogadores do Boavista que, ainda de acordo com Abreu, estariam "envergonhados". O principal questionamento do Alvinegro seria a expulsão do zagueiro Espinho, no primeiro tempo - o zagueiro deu uma cabeçada em Dija Baiano, atacante adversário, após uma falta. Abreu garante, ainda na entrevista à Difusora, que houve uma farsa na comunicação dos árbitros do jogo, que estariam com o equipamento desligado.

- A gente nem dorme (depois do jogo com o Boavista). É um sentimento de frustração, indignação, de impotência, diante do que a gente tem visto. O que eu vou falar aqui pode até parecer meio pesado, porque o time também não tem rendido em campo. Mas é muito difícil você ir para uma competição, um evento esportivo, e você ouvir da equipe de arbitragem que "infelizmente não tem jeito". O Americano não poderia ganhar, porque o resultado não poderia ser favorável ao Americano. É muito difícil você ter até controle emocional para continuar a jogar a partida, que para a gente era decisiva, depois de ouvir uma situação dessas - afirmou, completando em sequência.

- Infelizmente essa é a realidade do futebol do Rio de Janeiro. Infelizmente faz com que a gente chegue à conclusão que o futebol do Rio de Janeiro não é para gente séria. É muito difícil você quer implantar um futebol ou uma administração com ética, com responsabilidade, com respeito à legislação esportiva. Porque, a partir do momento que a gente ouve isso da equipe de arbitragem, você coloca em cheque qualquer coisa e a gente coloca em cheque o próprio campeonato. Se isso não é manipulação de resultados, eu não sei o que pode ser.

O Americano tem apenas cinco pontos somados e precisa de dois resultados positivos para evitar a queda à Seletiva do Estadual no próximo ano. Confira outros pontos da entrevista do presidente Carlos Abreu à Rádio Difusora, da cidade de Campos dos Goytacazes, nesta segunda-feira (18), em que ele acusa árbitros de manipulação de resultados, a FERJ de favorecer o Madureira e de outros esquemas no futebol do Rio de Janeiro.

CONVERSA COM JOGADORES DO BOAVISTA

- O que eu posso dizer é o seguinte, os jogadores do Boavista, o treinador (Eduardo Àllax), eu falei com eles, eles estavam envergonhados. Foi a expressão que eles usaram. Envergonhados com o que aconteceu lá. Eu estive com o goleiro Rafael (atleta do Boavista) e eu falei exatamente essas palavras: "Vocês não mereciam ter uma vitória desse jeito. Vocês não precisavam de uma vitória assim. Eu saio daqui envergonhado" e ele falou: "Eu também estou". O Àllax, o treinador, estava, depois do jogo, conversando com o Josué, eu cheguei para falar também, e demonstrar minha indignação, e ele estava constrangido com a situação. Então, é difícil falar nesse momento. Temos mais duas partidas e não esperamos nada diferente do que tem acontecido não.

SUPOSTA FARSA NA COMUNICAÇÃO DOS ÁRBITROS

- Outro fato estarrecedor, que a gente conseguiu apurar ontem: a equipe de arbitragem fingiu que estava se comunicando e a a comunicação estava desligada por orientação do árbitro da partida, o Rodrigo Nunes de Sá (NR: na verdade, o jogo era comandado por Rafael Martins de Sá). Então, depois do primeiro tempo todo, eu fui no campo, fui falar que estava revoltado com aquela situação e aí eles ligaram. Eles voltaram. Ou seja, é um faz de conta que quem está na televisão quem olha por lá, parece que o jogo foi normal (no fim, o entrevistador corrige e relembra que não foi Rodrigo Nunes de Sá que apitou o jogo, mas sim outro árbitro não nominado antes do prosseguimento do relato do presidente Carlos Abreu).

- É um que já apitou um jogo contra a gente e deixou de dar um pênalti absurdo lá contra o America. Eu confesso que não sou ligado nesta questão de arbitragem. Eu acho que nem deveria ser. Então, até peço desculpas à pessoa que eu citei aí. Eu nem sei quem foi.

OUTROS JOGOS EM QUE O TIME FOI PREJUDICADO

- Se você pegar jogo a jogo, nos jogos que a gente não foi prejudicado, a gente venceu ou empatou. Isso aí fica claro. Evidentemente eu vou tirar os jogos dos grandes. Mas contra os demais, aí eu posso falar de um a um. O jogo contra o Volta Redonda (1x2), que o senhor Índio (Luís Antônio Silva dos Santos) deu um pênalti absurdo. O próprio jogo que o senhor Lenílton (Rodrigues Gomes Júnior) apitou, contra a Cabofriense (1x4). O que ele fez durante a partida, desestabilizou o nosso grupo, a ponto do grupo abandonar o jogo praticamente. Só para lembrar, a gente saiu na frente contra a Cabofriense. Quando não teve problema de arbitragem, o jogo foi jogado. Como contra o Resende. Um jogo bem jogado, a gente tomou um gol no final, mas não teve nada. Pode ver até o jogo, que a gente empatou lá dentro contra o Madureira, que a gente sabia que seria de todas as formas, o time se portou bem, soube jogar, eles tiveram várias oportunidades para fazer gol também, mas enfim...

ACUSAÇÃO AOS ÁRBITROS EM JOGOS PASSADOS

- São pessoas que estão aí arbitrando, fazendo o trabalho delas e de outras. Tem pessoas que têm que ser proibidas no futebol. Tem árbitros como o senhor Índio (Luís Antônio Silva dos Santos) e o senhor Lenílton (Rodrigues Gomes Júnior)... essas pessoas não podem estar no futebol. Não é possível que isso continue assim. Eu não sei se vou ter forças para ver, mas algumas coisas vão acontecer. Pode demorar mais um pouco, mas, realmente, para o bem do futebol do Rio de Janeiro, alguma coisa tem que acontecer. E tem que ser urgentemente porque afasta as pessoas de bem. 

FAVORECIMENTO AO MADUREIRA

- A verdade é que o Madureira é imexível na FERJ, não pode cair e infelizmente esse é o futebol do Rio de Janeiro que a gente quis se meter. 

MEDIDAS PARA O FUTURO

- Na verdade, eu já conversei com a minha diretoria e infelizmente vigora no futebol do Rio a lei da mordaça. Quanto mais você fala, mais punido você é. A partir do momento que a gente não vai ter provas disso...

RESPOSTAS DOS ENVOLVIDOS


Nota oficial da FERJ:

"Informada das declarações do presidente do Americano, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro está encaminhando o caso às autoridades competentes para que investigue, convoque todos os citados e puna com rigor os responsáveis por qualquer ilegalidade, inclusive as decorrentes de denunciação caluniosa, se couber.

A FERJ refuta e entende como precipitadas, injustas e pouco responsáveis a generalização de suas afirmações."

Relato de Eduardo Àllax:

"Ao término do jogo eu fui cumprimentar o Josué Teixeira, fui dar parabéns para ele, pelo time, pelo trabalho, mesmo com um homem a mais eu tive muita dificuldade de entrar na defesa dele. Ele ainda teve chance de empatar o jogo. E o presidente chegou, muito exaltado, muito chateado. E eu tentei acalmar ele. Porque eu até entendo a situação do cara, que faz um ótimo trabalho, que investe, subiu o time e vem tentando três anos seguidos, está construindo o seu estádio e estava chateado com a situação de estar conseguindo vencer as partidas e desabafou lá.

Falei para ele ter calma, justamente isso que falei para ele. Na análise dele eu estava constrangido, mas o meu constrangimento era com o meu time estar nessa situação. Brigando contra o rebaixamento, após todo o investimento que foi feito. Constrangimento de estar fazendo um jogo daqueles, queria estar fazendo um para se classificar para a semifinal, assim como o Bangu e a Cabofriense estão fazendo neste momento. 

As denúncias terão que ser analisadas. Porque, infelizmente, ele estava no calor do momento. Acredito que ele virá a público pedir desculpas por isso tudo. Porque a gente não deve levar assim muito em consideração o que é falado na emoção. E não teve nada demais, foi um ótimo jogo e serve, agora, os esclarecimentos pelas acusações que foram feitas."

*O FutRio.net procurou o goleiro Rafael, citado nominalmente na entrevista, mas ainda não obteve resposta até o fechamento desta matéria. A reportagem segue insistindo, aguarda e publicará, se houver o interesse dos mesmos, o posicionamento de todas as partes envolvidas no relato de Carlos Abreu.

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