Macaé Esporte: Uma história de luta e resistência

Alvianil Praiano completa 33 anos buscando dias melhores.

Macaé Esporte 01 x 0 Fluminense - Campeonato Carioca de 2015. - Foto: Tiago Ferreira

 

ESPORTE PRESS BRASIL - Por Mário Luiz

Há 33 anos, nascia o Alvianil Praiano. No dia 17 de julho de 1990, os fundadores Mirinho, Claudinho e Ganjão se reuniram para dar os primeiros passos daquele que algum tempo depois viria se chamar Macaé Esporte.

 

O primeiro nome que recebeu o clube foi Panelinha; somente em seguida, passou a se chamar Botafogo. Algum tempo depois, virou Macaé Sports e finalmente foi batizado com o nome que ostenta até hoje: Macaé Esporte Futebol Clube.

 

Arquivo Macaé Esporte - Divulgação

 

O PRINCIPIO DE TUDO

O Macaé Esporte FC foi fundado no dia 17 de julho de 1990 com o nome Botafogo Futebol Clube. Da fundação do time até 1998, o clube era amador e disputava apenas o campeonato da cidade. O então Botafogo utilizava o uniforme preto e branco mas, ao contrário do que sugerem o nome e as cores, não se tratava de uma reverência ao homônimo da capital: a escolha era uma alusão ao bairro da periferia macaense onde fora fundado.

- Fundamos o Botafogo Futebol Clube na Rua Antônio Bichara Filho, na residência do conselheiro Ganjão (João Batista dos Santos), junto com o nosso vice-presidente de futebol Claudinho e de outros desportistas. Antes, formávamos a diretoria do São Miguel, em Quissamã, porém com a emancipação daquele município, resolvemos fundar uma nova equipe em Macaé - explicou o presidente Mirinho.

 

Arquivo Macaé Esporte - Divulgação

 

DE AMADOR AO PROFISSIONAL

No início de 1998, o então presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj), Eduardo Viana fez um convite e no dia 11 de abril daquele ano o Botafogo se profissionalizou, e começou a disputar o Módulo Intermediário (atual Terceira Divisão do Campeonato Carioca).

- Eu me lembro como se fosse hoje: o ano era 1998, quando fiz uma consulta à FERJ sobre os custos da profissionalização. Foi-nos cobrada uma taxa de R$ 10 mil (atualmente é R$ 500 mil), que eu achei exorbitante na época, mas que foi dividida entre o então presidente Cláudio Barros, o presidente da Câmara Municipal, Paulo Lessa, e eu - disse Mirinho.

 

Arquivo Macaé Esporte - Divulgação

 

SE TRANSFORMANDO EM MACAÉ ESPORTE

Logo primeiro ano como profissional (1998), o Botafogo Futebol Clube começou a ganhar adeptos em toda região. Na ocasião, o prefeito Silvio Lopes sugeriu mudar o nome do clube, para o nome da cidade.

- Ele nos propôs que mudássemos o nome do clube para Macaé e passássemos a utilizar as cores do município: azul, amarelo e branco. Eu pedi alguns dias para conversar com a diretoria, que aceitou a proposta e, logo em seguida, já entramos em campo com uma camisa que tinha dois escudos: a do Macaé Sports (que representava o voleibol na época) e o do Botafogo. Foi quando deixamos de ser um clube de bairro para nos tornamos o clube da cidade - lembra Mirinho.

 

O LEÃO NA ELITE

Em 2006, o futebol carioca vivia um momento de transição política. Com a morte do presidente da FERJ, Eduardo Viana, a entidade vivia uma “guerra de poderes”. Naquele mesmo ano, o Leão teve duas chances de conquistar o acesso. Na primeira, na Série B do Carioca, perdeu uma final polêmica para o Boavista, que ficou com o acesso.

 

Porém, no segundo semestre daquele ano, os dirigentes da Ferj já esboçavam um Campeonato Carioca da Primeira Divisão maior (passando de 12 para os atuais 16 clubes) já para 2007. Com isso, a Federação organizou o Torneio Seletivo onde os quatro primeiros teriam vaga assegurada na elite. O Macaé foi novamente vice-campeão, mas o certame foi invalidado pela Justiça.

Só que, em 2007, não teve jeito. O Conselho Arbitral da Ferj decidiu que os cinco melhores da Série B estariam na Primeira Divisão de 2008. E o Alvianil Praiano montou uma equipe poderosa - foi a de melhor campanha, apesar de ter ficado em terceiro lugar -, comandada pelo técnico Tita, e conseguiu o tão sonhado acesso. Estávamos entre os grandes do Rio!

 

NO MEIO DOS GIGANTES

Foram longos nove anos, até o Macaé está na elite do futebol carioca. A estreia aconteceu no dia 19 de janeiro de 2008. Como havia encerrado a sua participação na Segundona em 15 de dezembro de 2007, o Alvianil Praiano teve pouco tempo de preparação, só que, por outro lado, manteve a base da equipe terceira colocada da Série B.

O pontapé inicial foi dado contra o Volta Redonda, em um sábado à noite, no Estádio Raulino de Oliveira. Em jogo bastante disputado, o Macaé conseguiu segurar os donos da casa e empatou em 0 a 0. A segunda partida aconteceu em quarta-feira seguinte, dia 23. Às 15h, o Leão recebeu o América no Estádio Cláudio Moacyr de Azevedo. A equipe venceu por 1 a 0, com gol do volante camaronês Steve, ídolo da torcida e que entrou para a história ao marcar o primeiro tento do clube na Primeira Divisão do Carioca.

 

BRASIL AFORA

Em 2008, o Macaé chegou à elite do futebol carioca. Agora, era hora do clube mostrar a sua cara para o Brasil. Entretanto, a primeira competição a nível nacional disputada pelo Leão fora em 2003: a Série C do Campeonato Brasileiro - ainda voltou a jogar a Terceirona em 2008 antes de se manter nela de maneira definitiva, a partir de 2010.

Antes disso, o Macaé fez uma campanha brilhante na Série D, em 2009, quando eliminou o Tupi nas quartas de final e ficou com o acesso. Mas, o Leão não parou. Eliminou a Chapecoense nas semifinais - venceu por 2 a 0 no Maracanã, na preliminar de um Fla-Flu com quase 70 mil pagantes, e perdeu de 3 a 2 em Chapecó - e foi para a final contra o São Raimundo (PA). No jogo de ida, em Volta Redonda, o Macaé venceu por 3 a 2. Mas, em Santarém, os donos da casa ganharam de virada por 2 a 1 e ficaram com o título no gol qualificado.

 

A partir de 2010, o Macaé iniciou novamente a sua saga para chegar a Segundona do Brasil. Em 2011, foi à única vez que o Alvianil Praiano não fez boa campanha - livrou-se da queda na última rodada em um jogo épico no interior de São Paulo (6 a 4 sobre o Marília em partida com quatro viradas).

 

TUDO PELO ACESSO

No seu primeiro mata-mata na Série C, em 2010, o Macaé bateu de frente contra o tradicional Criciúma. O primeiro duelo foi realizado no Moacyrzão. Os catarinenses fizeram 2 a 0 no primeiro tempo, porém o Leão mostrou suas garras e virou para 3 a 2 em jogo emocionante. No segundo duelo, um dos capítulos mais tristes da história alvianil. Em uma partida repleta de polêmicas de arbitragem, o Criciúma venceu por 2 a 0 e ficou com o acesso.

 

O Macaé teve nova chance de conseguir à tão sonhada vaga na Série B em 2012. Foi a primeira edição no atual formado (dois grupos com 10 equipes cada). Na chave B, o Leão sobrou na primeira fase e ficou em primeiro lugar, com 32 pontos. No mata-mata, o Alvianil encontrou pela frente outro clube tradicional: o Paysandu. No jogo da ida, em Paragominas (PA), o Papão venceu por 2 a 0. No Moacyrzão, o Macaé chegou a estar devolvendo o placar - fez 2 a 0 -, mas sofreu um gol, fez 3 a 1, sofreu outro e ficou sem a vaga ao vencer por 3 a 2.

A terceira oportunidade do acesso veio em 2013. Novamente o Macaé sobrou na fase de classificação - ficou em primeiro lugar na chave, com 31 pontos - e nas quartas-de-final enfrentou o Sampaio Corrêa (MA), quarto colocado do Grupo A. Só que mais uma vez o Leão ficou longe da vaga já no primeiro jogo. No Castelão, em São Luís, o time da casa venceu por 5 a 3 e praticamente garantiu o acesso. Ao Macaé, restava vencer por dois gols de diferença em casa. Mas, o empate em 1 a 1 deu o acesso ao rival.

 

CAMPEÃO

Com uma campanha irregular na primeira fase, o Macaé trocou todo o seu comando técnico a cinco rodadas do fim: saiu Júnior Lopes e entrou Josué Teixeira, que voltava ao clube cinco meses após a sua saída. Nestes cinco jogos, a equipe venceu duas (2 a 1 no Duque de Caxias e 1 a 0 no Caxias), empatou duas (0 a 0 com o Juventude e 1 a 1 com o Guaratinguetá) e sofreu apenas uma derrota (1 a 0 para o Mogi Mirim).

Na quartas, o adversário foi o Fortaleza. Depois de um jogo de ida sem gols, o Macaé precisou ir ao Fortaleza e encontrar um clima diferente de tudo que já tinha visto: o Castelão estava lotado com mais de 63 mil torcedores - o maior público das quatro divisões do Brasileiro no ano passado. Juba marcou, o Tricolor empatou no fim da partida, mas o empate em 1 a 1 de o acesso ao time alvianil.

O CRB ficou pelo caminho nas semifinais. Na decisão, dois jogos emocionantes contra o Paysandu (1 a 1 em casa e 3 a 3 no Mangueirão) colocaram o Macaé, pela primeira vez, entre os 40 melhores clubes do Brasil.

 

Foto: Tiago Ferreira

 

A CHEGADA SÉRIE B

O Macaé iniciou a competição surpreendendo logo nas primeiras rodadas brigando ponto a ponto para entrar no G-4. Adversários como Santa Cruz, Oeste, Luverdense e Criciúma foram derrotados. Dentro ou fora de casa, o Leão se mostrava ser adversário indigesto na edição da Segunda Divisão de 2015. Contudo no returno do Brasileirão, a equipe enfrentou diversos problemas internos, e acabou sendo rebaixado novamente para Terceira divisão do Brasileiro. E por ironia do destino, e talvez com um toque de “requintes de crueldade”. Foi rebaixado em Fortaleza, mesma cidade que no ano anterior havia conquistado o acesso para Série B.

 

Zagueiro Filipe Machado, uma eterna lenda do Leão - Foto: Tiago Ferreira

 

A QUEDA PARA QUARTA DIVISÃO (BRASILEIRO SÉRIE D)

Depois de uma péssima campanha somando apenas 19 pontos em 18 jogos. Em 10 de setembro 2017 o Macaé foi rebaixado para Série D do Brasileiro. O Macaé marcou 16 gols e sofreu 28. Venceu apenas cinco jogos, e perdeu nove vezes. Foram quatro empates, sendo um deles na última rodada para o Tombense (MG) dentro do Moacyrzão.

 

CARIOCA: UM REBAIXAMENTO DOLORIDO

Somando apenas um ponto após dez rodadas, o Macaé foi rebaixado no dia 17 de abril de 2021. Derrota pelo placar de 4 a 2 diante a equipe do Madureira, no estádio Aniceto Moscoso, teve suspeitas de envolvimento de atletas com casas de apostas. No retrospecto do Macaé foi terrível. Sem nenhuma vitória, um empate e nove derrotas com seis gols marcados e 25 sofridos.

 

MACAÉ ESPORTE HOJE

A partir de 2022, o Macaé esporte passou a ser administrado por grupo de empresários macaenses. O objetivo é resgatar o futebol da cidade novamente em grandes competições estadual e nacionais.

Em 2023 após uma reformulação na diretoria do clube assumiu como Presidente, o empresário Cristiano Assis tendo como vice presidente, a jornalista e publicitária Rebeca Madureira (Rebekinha do Esporte).

“É um prazer comandar esse clube. Temos um ano que assumimos o clube, consciente do grande passivo que o clube tinha. Mas estamos trabalhando incansavelmente para trazer investimentos que possa ajudar o Macaé, aonde nunca deveria ter saído. Sabemos das dificuldades, de onde assumimos o clube, nem tudo é fácil, o trabalho é árduo. Com as Graças de Deus vamos colocar o Macaé grande outra vez.” – Afirmou Cristiano Assis.

Durante o período de 2018 a junho de 2023 o Macaé esporte enfrentou a dificuldade de não ter onde jogar suas competições. Em virtude principalmente porque o Estádio Claudio Moacyr de Azevedo (Moacyrzão) ter ficado interditado.

“Eu já tenho alguns anos nesse clube que aprendi amar muito. Estamos passando um por momento difícil. Mas tenho certeza que vamos superar essa fase, e aprendendo, tirando lições de vida e acima de tudo, construir um caminho forte, que possa fazer o Macaé retornar para elite do Carioca e do Brasileiro.” – revelou Rebeca Madureira.

 

O FUTURO

Nessa temporada de 2023, o Leão Praiano fez uma campanha muito irregular no campeonato Carioca da Série A2. E vai precisar vencer na 12ª rodada, que também é a última da fase de grupos (Taça Santos Dumont), o Artsul. Caso não consiga superar em casa, a equipe metropolitana irá amargar o seu terceiro descenso no campeonato estadual e ir parar na terceira divisão, e que recebe a nomenclatura de Série B1.

 

* Com informações do GE e Macaé Esporte

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