Marina Dias é Campeã Mundial de Paraescalada na Suíça!
Título inédito chega em ano decisivo para a modalidade com a possibilidade de inclusão nos Jogos Paralímpicos de 2028
Foto:Lena Drapella
Por Carol Coelho
Confirmando seu favoritismo depois de conquistas importantes em 2023, a paratleta paulista Marina Dias conquistou o título de Campeã Mundial de Paraescalada nesta quarta-feira (10/08), em Berna, na Suíça, durante o Campeonato Mundial da modalidade.
A paratleta de Taubaté repete o feito de Raphael Nishimura, atual presidente da Associação Brasileira de Escalada Esportiva (ABEE), e sobe novamente ao pódio de um Campeonato Mundial de Paraescalada. Em 2012, Nishimura foi prata, em 2023, Marina Dias é Ouro. Mais uma medalha e títulos inéditos para Marina e o Brasil.
A atleta, que sofre de Esclerose Múltipla, competiu mais uma vez na categoria RP3 Feminina, para pessoas com comprometimento leve da força muscular e/ou alcance, em pelo menos um dos membros, e conquistou o primeiro lugar.
Nas qualificatórias, disputadas na terça-feira (08/08), Marina se classificou para a final em primeiro, à frente das paratletas Christiane Luttikhuizen (HOL), Martha Evans (GBR) e da alemã Rosalie Schaupert. Vantagem importante, já que em caso de empates na final, o resultado da qualificatória é o primeiro critério de desempate.
Nas finais, hoje (10/08), a atleta foi a última a escalar. Escalando de forma tranquila e confiante, alcançou a agarra 42+, mesmo score de Christiane e Martha. Com o resultado da qualificatória, Marina ficou em primeiro e com o título!
O Ouro no Campeonato Mundial vem para coroar uma grande temporada de Marina em 2023. Ela conquistou medalhas em todas as etapas da Copa do Mundo de Paraescalada que participou: Ouro em Salt Lake City, Ouro em Innsbruck e Bronze em Villars; e agora conquista o título mais importante da modalidade.
Brasil volta ao Mundial de Paraescalada
Depois de um hiato de 3 edições, o Brasil voltou a ter representantes no Campeonato Mundial de Paraescalada. Realizado a cada 2 anos, a última vez em que o Brasil participou do evento foi em 2014, com o atleta Raphael Nishimura, hoje presidente da ABEE.
Em 2023, além da estreia de Marina Dias, o Brasil contou com mais outros 2 atletas no masculino, formando a maior delegação da Paraescalada brasileira em um único evento.
Luciano Frazão, de Brasília, representou o país na categoria AL2, para atletas com amputação ou limitação severa dos membros inferiores, e Leonardo Vilha, de Curitiba, competiu na categoria AU3 Masculino, para atletas com comprometimento em pelo menos uma das mãos, ou com vários dedos ausentes ou com função motora reduzida. Ambos atletas não avançaram para a fase final.
Foto:Lena Drapella
Marina Dias
Marina Dias é natural da cidade de Taubaté, São Paulo, e tem 39 anos. Professora universitária, foi diagnosticada com esclerose múltipla em 2009, doença que causou um comprometimento da força e coordenação do lado esquerdo do seu corpo.
Em 2018, começou a escalar e encontrou no esporte uma forma de manter um estilo de vida saudável, que tem garantido uma rotina com poucos surtos da doença, juntamente com o tratamento que retomou em 2020, após sua última crise.
Foi também em 2020 que Marina participou da sua primeira competição de Paraescalada, no Campeonato Brasileiro da categoria. Desde então tem competido em todas as edições do brasileiro da modalidade.
Paraescalada
A Paraescalada tem crescido no mundo com o fomento da Federação Internacional de Escalada Esportiva (IFSC). Inicialmente a IFSC promovia apenas com o Campeonato Mundial a cada 2 anos, mas, desde 2021 a modalidade ganhou um circuito de competições: a Copa do Mundo de Paraescalada.
Na Paraescalada os atletas são divididos em classes esportivas de acordo com o tipo de limitação que apresentam. Eles são classificados nestas classes após passarem por avaliação médica. São 4 classes distintas, com subdivisões segundo o grau de severidade das limitações: a classe B é para atletas com limitação visual; a classe AL para atletas com amputação ou limitação severa dos membros inferiores; AU para atletas com amputação ou limitação severa dos membros superiores; e RP para atletas com comprometimento de força ou alcance em quaisquer dos membros.
A IFSC tem trabalhado intensamente para incluir a Paraescalada nos Jogos Paralímpicos de 2028 em Los Angeles. A decisão final do comitê organizador dos jogos será no final de 2023, e deve escolher apenas entre 2 paradesportos: a Paraescalada e o Parasurf.
A Paraescalada ainda é uma modalidade em desenvolvimento no Brasil. Mesmo com poucos atletas competindo no país, a ABEE mantém ativo o Campeonato Brasileiro para a categoria desde 2014, onde os atletas competem com isenção de pagamento de filiação e inscrição.
Por ainda não fazer parte do programa dos Jogos Paralímpicos, a ABEE não recebe recursos do Comitê Paralímpico Brasileiro para investir exclusivamente na Paraescalada, mas, já tem conversado com a entidade para buscar formas de fomentar a modalidade e financiar os paraescaladores brasileiros.
*Com informações da Abee