Popularidade e investimentos impulsionam a ginástica artística no Brasil
Modalidade cresce no país com apoio de legislações, políticas públicas e novos talentos
Créditos: Jamie Squire / Getty Imagens / Arquivo Press FC
Por Vinicius Vieira
A etapa de Osijek, na Croácia, da Copa do Mundo de Ginástica Artística por aparelhos teve início na última quinta-feira (10) e marcou a estreia dos atletas brasileiros na temporada. Em alta no país, a modalidade já conquistou 61% do público, com um aumento de 160% em relação a 2015, segundo o estudo Sponsorlink, do Ibope Repucom, empresa especializada em pesquisa de mercado e análise de mídia com foco em esportes e entretenimento.
Ainda de acordo com a pesquisa, a ginástica foi a terceira colocada na categoria de “Superfãs” — grupo altamente interessado pela modalidade — com 30% de popularidade entre os internautas brasileiros, atrás apenas do vôlei (35%) e do futebol (48%).
Esse crescimento nos últimos anos está ligado a diversos fatores. Entre eles, destacam-se o sucesso recente de atletas de alto nível — como Rebeca Andrade e todas as ginastas do Time Brasil nas Olimpíadas de Paris —, o aumento dos investimentos, como o programa Bolsa Atleta, e, principalmente, a criação de legislações de apoio ao esporte em nível nacional, como a Lei de Incentivo ao Esporte (LIE).
O Bolsa Atleta é um programa do Governo Federal, criado em 2005, que oferece apoio financeiro mensal a desportistas de alto rendimento. Em Paris, por exemplo, todos os 61 atletas brasileiros que conquistaram medalhas já participaram da iniciativa em algum momento de suas trajetórias.
Já a Lei de Incentivo ao Esporte (LIE), sancionada em 2006, permite que empresas e pessoas físicas destinem parte de seus impostos para financiar iniciativas esportivas. Apenas em 2024, mais de R$ 1 bilhão foram captados por projetos ligados à LIE, incluindo diversas ações voltadas à ginástica.
“A Lei de Incentivo ao Esporte oferece uma oportunidade única para que as empresas possam investir no desenvolvimento da ginástica e dos esportes como um todo, contribuindo diretamente para o crescimento de projetos que fomentem a prática esportiva no país”, afirma Vanessa Pires, CEO da Brada, empresa que conecta organizações e investidores com projetos de impacto positivo.
“A divulgação dos projetos aprovados é feita no Diário Oficial da União e as empresas são impactadas com esses projetos pelos captadores de recursos, que são agências que apresentam para as companhias as possibilidades de projetos que podem ser patrocinados”, explica Anderson Rubinatto, CEO da Goolaço, empresa de marketing esportivo, que faz assessoria tanto de entidades sem fins lucrativos, auxiliando na elaboração, execução e prestação de contas dos projetos, quanto de companhias, selecionando entidades adequadas para destinar recursos.
A Associação Encaminhando, organização do terceiro setor especializada em iniciativas viabilizadas por leis de incentivo fiscal, é um case de sucesso no desenvolvimento de projetos esportivos com apoio do Ministério do Esporte. O mais famoso deles é o “Na Atividade”, que oferece práticas físicas com uma abordagem recreativa nas diferentes modalidades da ginástica.
“Nosso trabalho tem como missão usar as oficinas de esportes olímpicos — entre elas a ginástica — e diversas atividades recreativas como ferramenta de inclusão social e desenvolvimento pessoal. Esse projeto foi estruturado para que o esporte cumpra o papel não só de lazer, mas também de transformação social”, afirma Cleverson Dutra, diretor de projetos de esporte.
A iniciativa já gerou 70 empregos, organizou 60 eventos voltados à inclusão social e à promoção da qualidade de vida, além de beneficiar mais de 620 moradores de Mangaratiba e Itaguaí, no Rio de Janeiro.
* Com informações Press FC