Singapura 2025: Brasil termina segundo dia consecutivo com seis medalhas no Mundial de natação
No segundo dia de competições, o Brasil conquistou quatro medalhas de prata e duas de bronze, além de registrar um recorde das Américas, com Thomaz Matera, e um recorde mundial, com Gabrielzinho.
Ganriel Batista- Mundial Paralímpico de Natação - Singapura 2025 - Foto: Marcelo Zambrana/CPB @marcelozambrana
O Brasil voltou a acumular pódios no Mundial de Natação Paralímpica em Singapura na manhã desta segunda-feira, 22, no horário de Brasília. Assim como no dia de abertura do evento, os nadadores brasileiros obtiveram seis pódios, desta vez conquistando quatro medalhas de prata e duas de bronze.
Com o resultado, o país soma 12 medalhas — dois ouros, cinco pratas e cinco bronzes, e ocupa a sétima colocação no quadro de medalhas do evento. A liderança é da Itália, (6 ouros, 4 pratas e 5 bronzes), seguida pela China (6 ouros e 1 prata) e pela Grã-Bretanha (5 ouros, 5 pratas e 6 bronzes).
A primeira medalha do Brasil no dia veio com a nadadora fluminense Lídia Cruz, que completou os 100m livre da classe S4 (comprometimento físico-motor) em 1min29s46 para ficar com o bronze. O ouro foi para a norte-americana Katie Kubiak (1min22s34) e a prata para Mira Larionova, dos Atletas Paralímpicos Neutros, (1min28s97). Na mesma prova, a mineira Patrícia Pereira ficou na quinta colocação, com 1min33s61.
“Foi uma prova bem difícil. A gente não está trabalhando ela há muito tempo por não fazer parte dos Jogos Paralímpicos, mas já que abriu no Mundial, pensamos: ‘vamos com tudo!’ A meta era ficar no pódio e foi conquistado. Também consegui melhorar o tempo das classificatórias”, disse Lídia.
Lidia Cruz - Mundial Paralímpico de Natação - Singapura 2025 - Foto: Wander Roberto/CPB @wander_imagem
Logo na prova seguinte, o paulista Samuel Oliveira conquistou mais uma medalha de bronze para o Brasil, agora nos 50m costas da classe S5 (comprometimento físico-motor). O nadador completou a prova em 33s60 e formou o pódio com os chineses Weiyi Yuan (32s59) e Jincheng Guo (33s36), medalhistas de ouro e prata, respectivamente.
Esta foi a segunda medalha de Samuel em Singapura. Neste domingo, 21, o nadador conquistou o bronze nos 50m livre da mesma classe.
“Esta é uma prova muito difícil, que venho treinando bastante, porque temos grandes chances de pódio, como aconteceu agora. Não foi o meu melhor resultado, este foi meu segundo melhor tempo da vida. Eu gostei da minha prova, do meu resultado e esta é mais uma medalha para o Brasil. Ainda tem bastante competição pela frente. Vou continuar me dedicando para conseguir mais pódios para o Brasil”, afirmou Samuka, que nada sua prova principal, os 50m borboleta da classe S5, nesta terça-feira, 23.
O carioca Thomaz Matera conquistou a medalha de prata nos 100m borboleta da classe S11 (cegos), com tempo de 1min02s39.
Com o resultado, o atleta bateu pela segunda vez no mesmo dia o recorde das Américas na prova. A melhor marca anterior vigorava desde 1992 e pertencia ao norte-americano Morgan John, que marcou 1min03s50 em Barcelona, na Espanha.
A primeira colocação ficou com o tcheco David Kratochvil (1min00s83), e o bronze com o japonês Keiichi Kimura (1min02s63).
Thomaz também foi medalhista de bronze nos 50m livre da classe S11 nesse domingo, 21.
Thomaz Matera - Mundial Paralímpico de Natação - Singapura 2025 - Foto: Marcelo Zambrana/CPB @marcelozambrana
A paraense Lucilene Sousa conquistou a medalha de prata nos 100m borboleta para a classe S12 (baixa visão) com o tempo de 1min08s02 após liderar boa parte da disputa. Nos metros finais ela foi superada pela espanhola Maria Delgado Nadal (1min06s62). O bronze foi para a a italiana Alessia Berra (1min08s19).
“Essa não era minha expectativa, queria buscar a medalha dourada. Mas é uma honra ser a vice-campeã dessa prova. A estratégia foi passar forte e confiar no trabalho. Eu cansei um pouco no final, não foi meu melhor tempo, mas consegui o pódio e o segundo lugar”, afirmou Lucilene.
Lucilena Sousa - Mundial Paralímpico de Natação - Singapura 2025 - Foto: Wander Roberto/CPB @wander_imagem
O paulista Gabriel Bandeira também foi prata, nos 100m costas para a classe S14 (deficiência intelectual). O atleta terminou a prova em 58s37, atrás apenas do australiano Benjamin Hance (56s25). O bronze ficou com o britânico William Ellard (58s95). Na mesma prova, o mineiro Arthur Xavier, estreante em mundiais, terminou na quinta colocação com tempo de 59s86.
“Não gostei tanto da minha prova. Fiz um tempo parecido com o dos Jogos de Paris e já tinha evoluído nesta prova este ano. Esperava nadar perto de 57 segundos. Mas eu garanti mais uma medalha e bola para frente. É muito bom estar no pódio, no topo”, disse.
Esta é a segunda medalha de Gabriel no Mundial. Nesse domingo, 21, ele também conquistou a medalha de prata nos 200m livre para a classe S14.
Prata no revezamento
O Brasil ainda conquistou a medalha de prata no revezamento 4x50m livre misto 20 pontos, na última final desta segunda-feira. O time formado pelos paulistas Samuel Oliveira e Tiago Oliveira, a fluminense Lídia Cruz e a catarinense Mayara Petzold completou a prova em 2min21s09.
“Foi muito bom. Fomos com tudo nesta minha estreia na competição e estou muito feliz”, disse Mayara Petzold, da classe S6 (comprometimento físico-motor). “Foi muito difícil, mas nosso time têm grandes atletas e sabíamos que iríamos dar o nosso máximo e correr atrás da medalha. Eu estava vendo a adversária se aproximando no fim da prova, mas não deixei a gente ficar para trás”, completou Samuka.
O ouro ficou com a Ucrânia (2min18s36) e o bronze com os Estados Unidos (2min21s62).
Recorde Mundial
A segunda-feira ainda marcou a estreia do mineiro Gabriel Araújo, o Gabrielzinho. O nadador quebrou o recorde mundial dos 150m medley para a classe S2 (comprometimento físico-motor) ao completar o percurso em 3min16s26. A melhor marca anterior já era dele, 3min22s25, registrados na etapa de Barcelona do World Series, em março deste ano.
A prova disputada por Gabrielzinho, porém, era os 150m medley para a classe SM3, ou seja, para nadadores com limitações físico-motoras menores do que as dele. Ao final da disputa, o mineiro ficou com a quinta colocação.
“Esta é uma prova diferente, em que eu vim para tumultuar mesmo, porque a gente tem que aproveitar todas as oportunidades. Na minha classe, S2, eu imponho minha posição. Aqui, se eu estiver no lugar certo, na hora certa, posso pegar algo bom. De qualquer forma, é bom para quebrar o gelo e estou muito feliz com meu resultado, comecei o Mundial muito bem”, afirmou Gabrielzinho, que buscará o tricampeonato mundial nos 100m costas para a classe S2 nesta terça-feira, 23.
Outros quatro nadadores brasileiros disputaram finais nesta segunda-feira, sem pódio.
O catarinense Talisson Glock terminou na sexta colocação dos 100m livre da classe S6 (comprometimento físico-motor), com 1min07s62. O carioca Douglas Matera encerrou os 100m borboleta da classe S12 (baixa visão) na quarta colocação e tempo de 58s75. A mineira Ana Karolina Soares terminou os 100m costas da classe S14 (deficiência intelectual) na quinta colocação, com 1min10s96. Por fim, o paulista Guilherme Batista ficou na sexta colocação nos 100m peito SB13 (baixa visão), com 1min10s67.
Brasil em Singapura
A delegação do Brasil que disputa o Mundial de Singapura, que vai de 21 a 27 de setembro, conta com 29 nadadores, 16 homens e 13 mulheres, oriundos de sete estados (MG, PA, PE, PR, RJ, SC e SP). São Paulo, com dez convocados, é o estado com o maior número de nadadores.
O grupo é formado pelos 24 nadadores que atingiram índices estipulados pelo CPB em três oportunidades: o Circuito Paralímpico – Fase Seletiva e a Primeira Etapa Nacional do Circuito Paralímpico Loterias Caixa, em São Paulo, no Centro de Treinamento Paralímpico; e o World Series de Guadalajara, no México.
Outros cinco nadadores foram convocados por terem o Índice Mínimo de Qualificação (MQS, na sigla em inglês) do Mundial e também apresentarem as melhores marcas para formar equipes de revezamentos. No último Mundial da modalidade, Manchester 2023, o país subiu 46 vezes ao pódio, conquistando 16 medalhas de ouro, 11 de prata e 19 de bronze. Os pódios deixaram o Brasil na quarta colocação no quadro de medalhas, atrás de Itália, Ucrânia e China, superando a anfitriã Grã-Bretanha em uma disputa acirrada até a última prova da competição.
A melhor campanha do Brasil na história dos Mundiais de natação paralímpica foi registrada na Ilha da Madeira, em Portugal, em 2022. O país encerrou a disputa com 53 medalhas, 19 de ouro, 10 de prata e 24 de bronze. Com isso, ficou na terceira colocação do quadro de medalhas do evento, somente atrás de Estados Unidos e Itália.
Confira os resultados do Brasil nesta segunda:
Ana Karolina Soares
100m costas S14 — 5º lugar – 1min10s96
Arthur Xavier
100m costas S14 — 5º lugar – 59s86
Douglas Matera
100m borboleta S12 — 4º lugar – 4º lugar – 58s75
Gabriel Araújo
150m medley S3 — 5º lugar – 3min16s26
Gabriel Bandeira
100m costas S14 — Prata – 58s37
Guilherme Batista
100m peito SB13 — 6º lugar – 1min10s67
Lídia Cruz
100m livre S4 — Bronze – 1min29s46
Revezamento 4x50m livre 20 pontos — Prata 2min21s09
Lucilene Sousa
100m borboleta S12 — Prata – 1min08s02
Mayara Petzold
Revezamento 4x50m livre 20 pontos — Prata 2min21s09
Patrícia Pereira
100m livre S4 — Quinto lugar – 1min33s61
Samuel Oliveira
50m livre S5 — Bronze – 33s60
Revezamento 4x50m livre 20 pontos — Prata 2min21s09
Talisson Glock
100m livre S6
6º lugar – 1min07s62
Thiago Oliveira
Revezamento 4x50m livre 20 pontos — Prata 2min21s09
Thomaz Matera
100m borboleta S11 — Prata – 1min02s39
Patrocínio
As Loterias Caixa e a Caixa são as patrocinadoras oficiais da natação.
Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível
Os atletas Gabriel Araújo, Talisson Glock, Gabriel Bandeira, Patricia Santos, Lídia Cruz, Ana Karolina, Arthur Xavier, Mayara Petzold, Samuel Oliveira, Lucilene Sousa e Douglas Matera são integrantes do Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível, programa de patrocínio individual da Loterias Caixa e da Caixa que beneficia 148 atletas.
Time São Paulo
Os atletas Ana Karolina, Lídia Cruz, Patricia Santos, Talisson Glock e Lucilene Sousa integram o Time São Paulo, parceria entre o CPB e a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, que beneficia 154 atletas.
*Com informações Ascom Comitê Paralímpico Brasileiro