2020: 100 anos após um Macaense conquistar a Prata, primeira medalha olímpica para o Brasil. Outro Brasileiro recebe a sua, mas com vinte anos de atraso.

Atleta Brasileiro espera duas décadas para receber uma medalha que conquistou nos Jogos de Sidney 2020

Claudio Roberto - Foto reprodução - CBAt

 

Da Redação do ESPORTE PRESS BRASIL

 

As Olimpíadas sempre reservaram histórias de alegrias, drama, frustrações, injustiças e gloria eterna. E o Brasil é repleto desses ingredientes quando inserido no contexto.

Caso o mundo não estivesse vivendo uma pandemia global de saúde pública, 2020 seria um ano olímpico, com a realização dos Jogos de Tóquio no Japão. Esse ano o Brasil também estaria celebrando o centenário, de suas primeiras medalhas de ouro, prata e bronze, conquistadas em 1920 com modalidade de tiro esportivo, na cidade de Antuérpia na Bélgica, sede dos Jogos. Dentre as três medalhas que o País trouxe com muito sacrifício naquele ano, se destaca a de Prata, que na ordem cronológica foi primeira de todas. Um feito protagonizado pelo macaense Afrânio da Costa.

 

Quando a historia se repete

Os Jogos de Tóquio que seriam esse ano, foram transferidos e estão previstos para 2021.

Em 1920 os jogos coincidentemente também ocorreram, após uma Pandemia de Gripe Espanhola que assolou o mundo na época.

Então no mundo em que são moldadas as histórias olímpicas, o imponderável nunca pode ser descartado e muito menos quantificado.

E justamente, quando completa cem anos das primeiras medalhas em Jogos Olímpicos, a “Prata” se faz presente em 2020.

Teria alguma relação um ano Olímpico com final 20? Seria um capricho dos “Deuses do Olimpo” (mitologia grega)?

 

Foto reprodução - CBAt

 

"É Prata, é Prata, é Prata, é Prata, é Prata".

Quem acompanhou no dia 30 de setembro de 2000 a transmissão dos Jogos Olímpicos de Sidney, ainda guarda na memória o Galvão Bueno (Rede Globo) narrando e vibrando com a medalha de prata nos últimos metros da prova final do 4x100m masculino.

Naquele dia foram conquistadas cinco medalhas de Prata, pois haviam cinco atletas participando da prova. Com tudo, somente quatro seriam entregues. Uma injustiça que demorou para ser corrigida.

Cláudio Roberto de Souza, ou simplesmente “Claudinho” esperou exatos 20 anos, para ser reconhecido de fato pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), como um medalhista.

A justa reparação, ocorreu no último dia 13 de dezembro, quando com direito a protocolo para essas ocasiões, o Piauiense e agora ex atleta, teve cerimônia, pódio, execução do Hino Nacional brasileiro, e recebeu a original das mãos dos organizadores.

A medalha foi entregue no campo do Centro Olímpico de São Paulo, assim que se encerrou a última etapa do Troféu Brasil de Atletismo, disputado no mesmo local. Foi a única cerimônia de medalha olímpica do ano de 2020

 

Claudinho recebendo a Medalha de Prata - Foto reprodução - CBAt

 

Como funciona a prova olímpica

Uma competição de revezamento dos Jogos Olímpicos, seja no atletismo ou na natação, é composta de duas etapas. A eliminatória e a final. Todos os atletas que disputam qualquer uma dessas duas fases pelas equipes campeãs, vice e terceira colocada têm direito à medalha. Na conta de 23 medalhas de ouro de Michael Phelps, por exemplo, entra a vitória no 4x100m medley de 2004, mesmo ele tendo participado apenas das eliminatórias.

 

A espera da Prata Olímpica

Como a situação nunca havia sido resolvida até então. Em 2016 seu companheiro de prova de revezamento em Sidney André Domingos, fez uma réplica da sua própria medalha e entregou ao amigo e ex companheiro de seleção.

Mesmo se ter recebido a Prata, Claudinho sempre foi tratado como "medalhista" tanto pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), onde tem direito a voto na assembleia, quanto pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB).

Foram vinte anos tentando se justificar porque não tinha em mãos a medalha, na época com 27 anos, foi o único do cinco que não a recebeu. Durante todo esse tempo, passou por constrangimentos e aquela terrível pergunta:

“E cadê a medalha?!”

"Já passei por muitas saias justas, momentos desagradáveis. De ir dar palestra como medalhista olímpico, a pessoa quer ver a medalha mais do que o próprio atleta. Aconteceu muitas vezes e eu tinha que explicar o que tinha acontecido. Agora eu posso levar, né? Há quatro anos o André (Domingos) me ofereceu a réplica da medalha, foi muito emocionante, uma cerimônia linda, e isso tirou um pouco do peso das minhas costas. Agora foi trocada a medalha, tô com a original mesmo, linda por sinal. E agora eu sou literalmente medalhista olímpico. Não que eu não fosse, mas agora eu posso falar com a autoestima lá em cima. É diferente", disse Claudinho.

Seguindo o exemplo de seu compatriota Afrânio da Costa, que há exatos 100 anos viveu a Saga pela com a conquista de uma medalha de Prata, sendo à primeira do Brasil em toda história dos Jogos Olímpicos. Cláudio Roberto de Souza recebeu também a sua Prata, e definitivamente entre para a galeria dos atletas que conquistaram a “Glória eterna”.

"Finalmente a medalha chegou. Eu não me arrependo de nada que fiz. Fui atrás dela do meu jeito, como tinha que ser. Sem agredir ninguém, sem fazer escândalo, sem criar polêmica, foi algo que aconteceu naturalmente. Sou muito grato ao COB, ao COI, à CBAt, à minha família, e principalmente aos meninos, André, Edson, Vicente, Claudinei, o Rafael Oliveira que era o outro reserva. Formamos uma equipe que foi medalha de prata" - Finalizou.

 

Quinteto Olímpico, Prata nos Jogos de Sidney 2000 - Foto reprodução -CBAt

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